Possibilidade de Financiamento a 100% para jovens até 35 anos A garantia pública para jovens até aos 35 anos visa facilitar o acesso ao crédito à habitação, mas enfrenta obstáculos significativos devido à realidade económica dos jovens em Portugal. Com baixos rendimentos e preços elevados das casas, sobretudo nas grandes cidades, a compra de casa continua a ser um desafio quase... 04 set 2024 3 min de leitura Mesmo com a garantia pública, apenas em sete dos 23 municípios mais populosos do país, os jovens conseguem comprar casa sem necessitar de avançar com capitais próprios. Infelizmente, Lisboa e Porto não estão entre esses municípios. A garantia pública que o Governo pretende disponibilizar para jovens com menos de 35 anos não é uma "carta-branca" que permitirá a todos os jovens tornarem-se proprietários da casa dos seus sonhos. Embora o programa do Executivo mencione a intenção de viabilizar o financiamento bancário para a totalidade do preço da aquisição da primeira casa por jovens, a realidade é bem mais complexa. Os baixos rendimentos e a forte subida dos preços das casas continuam a bloquear o acesso de muitos jovens ao crédito bancário. "Os baixos rendimentos e a precariedade dos primeiros empregos são os principais fatores que dificultam o acesso dos jovens à sua primeira habitação," explica o especialista. Além disso, as regras macroprudenciais exigem que estes jovens disponham de, no mínimo, 10% do valor do imóvel, mais os custos de aquisição, o que constitui uma barreira significativa. À procura de casa num mercado severamente hostil Em Lisboa, por exemplo, uma casa de 60 metros quadrados custa, em média, quase 300 mil euros, segundo dados do Confidencial Imobiliário. Considerando que cerca de 75% dos jovens ganham menos de 1.000 euros líquidos por mês, é impossível para a maioria obter um financiamento adequado. Mesmo com um crédito à habitação a 40 anos, um jovem com este rendimento teria de avançar com 165 mil euros como entrada (56% do valor da compra). A garantia pública para jovens até aos 35 anos surge como uma espécie de bilhete dourado, mas não para todos. A promessa de facilitar o acesso ao crédito à habitação enfrenta um obstáculo familiar: a realidade económica dos jovens portugueses. Mesmo para quem tem rendimentos dobrados (2.000 euros líquidos), o acesso à compra de uma casa em Lisboa ainda exigiria uma entrada de mais de 121 mil euros. Estas condições tornam o acesso ao financiamento bancário inacessível para a maioria dos jovens, mesmo com a ajuda da garantia pública. A garantia pública oferece uma vantagem: permite que os jovens não necessitem de avançar com capitais próprios ou recorrer a um crédito pessoal. No entanto, o Estado permanece como agente passivo até que os primeiros 15% do capital sejam liquidados. Aproximadamente 50% dos jovens entre os 25 e os 34 anos ainda vivem com os pais, colocando Portugal entre os países da UE com os índices mais elevados neste indicador. Apesar disso, são poucos os jovens que conseguem aceder a um financiamento significativo devido aos seus baixos rendimentos e às condições do mercado actual. 75% dos jovens ganham menos de 1.000 euros líquidos, o que torna impossível obter um crédito à habitação acima dos 88 mil euros. O acesso à garantia pública poderá ajudar uma pequena parcela de jovens com rendimentos acima da média, mas para a maioria, a compra de casa continuará a ser um sonho adiado. Mesmo com a ajuda do Estado, o montante necessário para a entrada de uma casa continua a ser uma barreira quase intransponível. Em Lisboa, Cascais, Porto e outras cidades onde os preços das casas são elevados, a medida pode vir a ser apenas uma gota no oceano de desafios financeiros enfrentados pelos jovens. A garantia pública poderá evitar que alguns jovens recorram a créditos pessoais com juros altíssimos, mas a sua abrangência e eficácia permanecem questionáveis. Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado